Abastecer o carro virou tão automático que muita gente sequer olha o visor da bomba. O motorista encosta, paga e segue viagem, acreditando que a quantidade informada realmente entrou no tanque. Mas esse gesto simples vem mudando com a chegada da bomba de combustível antifraude, um equipamento que adiciona um nível de segurança inédito ao setor e tenta romper um ciclo histórico de golpes.
Como funciona a nova bomba antifraude
A tecnologia nasceu com um propósito direto, proteger o consumidor. Ela usa um sistema avançado de criptografia, que impede alterações eletrônicas, manipulações externas e outros truques comuns em fraudes de abastecimento.
O novo modelo confronta dados da placa eletrônica com o registro do medidor de volume. Se tudo estiver validado, o sistema libera o abastecimento. Caso contrário, o alerta aparece imediatamente. Isso reduz drasticamente as chances de adulteração.
Segundo explicou Gustavo Pinheiro Sanchez, delegado regional do Ipem-SP, o diferencial está na assinatura digital criptografada. Cada abastecimento recebe um registro único, que valida as informações exibidas no visor e garante que o volume entregue seja exatamente o mesmo que aparece na tela. Qualquer tentativa de interferência faz o sistema travar.
Essa camada extra fecha portas para o golpe conhecido como bomba baixa, que fazia o motorista pagar por um volume maior do que o efetivamente recebido.
Para facilitar o acesso à informação, o Ipem-SP criou um site que permite consultar os postos com bombas já certificadas pelo novo Regulamento Técnico Metrológico.
O que realmente muda para o motorista
As principais irregularidades no setor se concentram em três eixos: adulteração do combustível, manipulação da medição e sonegação de impostos. Entre todas, a bomba baixa sempre foi a mais difícil de perceber. Na prática, o cliente pagava por 40 litros e recebia menos, sem qualquer evidência visual.
A nova bomba tenta resolver justamente esse ponto cego. Ela combina:
- assinatura digital por abastecimento
- memória inviolável
- monitoramento remoto
- travamento dos cabos de automação
Esses recursos fecham brechas antes usadas por fraudadores e criam um ambiente mais seguro.
Onde a nova bomba já está funcionando
O estado de São Paulo lidera a implantação. São 171 postos equipados, sendo 15 na capital, com 445 bombas criptografadas em operação. O Ipem-SP também lançou a campanha Bomba Segura, que inclui um painel interativo mostrando, cidade por cidade, os endereços certificados.
A previsão é que todas as cidades brasileiras adotem o modelo até 2029, e algumas regiões já começaram essa transição.
Como o consumidor pode se proteger até lá
Enquanto o país avança rumo ao sistema criptografado, ainda vale redobrar atenção ao abastecer, especialmente em regiões que não receberam a nova bomba. Algumas atitudes ajudam a evitar problemas:
- Compare os preços e desconfie de valores muito abaixo da média.
- Evite promoções que aceitem apenas dinheiro ou aplicativos desconhecidos.
- Exija a nota fiscal.
- Confira o selo do Inmetro ou do Ipem.
- Solicite o teste de medida-padrão de 20 litros, disponível no posto.
- Guarde comprovantes e registros de compra.












