Uma prática silenciosa, comum em muitas empresas, faz trabalhadores perderem dinheiro mês após mês sem perceber. O problema não está no pagamento em si, mas no que fica fora do holerite. Especialistas alertam que o prejuízo pode acompanhar o empregado por toda a vida profissional e até na aposentadoria.
O caso é recorrente. O trabalhador faz horas extras com frequência. A empresa paga esses valores, muitas vezes em dinheiro ou como complemento “por fora”. À primeira vista, parece tudo certo. O salário entra na conta. O esforço recebe recompensa. Só que há um detalhe decisivo, as horas extras não aparecem no holerite.
E isso muda tudo
Quando a empresa não registra as horas extras no holerite, ela também deixa de recolher corretamente os encargos obrigatórios. O impacto não surge de imediato, mas cresce com o tempo.
- O trabalhador perde no FGTS, já que o depósito mensal incide apenas sobre o valor registrado oficialmente.
- Perde no 13º salário, calculado com base na remuneração formal.
- Perde nas férias, que deveriam considerar a média das horas extras.
- E o prejuízo aumenta ainda mais no momento da rescisão do contrato.
O dano mais grave aparece no fim da carreira
Sem o registro das horas extras no holerite, o INSS recebe contribuições menores. Isso acontece porque a empresa recolhe a previdência apenas sobre o salário formal. O resultado surge anos depois, quando o trabalhador se aposenta e descobre que o benefício ficou abaixo do esperado. Trabalhou mais, contribuiu menos no papel e paga essa conta na velhice.
Advogados trabalhistas chamam atenção para o risco dessa prática, que ainda passa despercebida por grande parte dos empregados.
Estimativas apontam que poucos trabalhadores sabem que o pagamento de horas extras fora do holerite gera prejuízos diretos e permanentes.
Receber não basta. É preciso conferir.
Caso as horas extras não apareçam no holerite, o trabalhador deve reunir provas o quanto antes. Entre os principais registros estão:
- cartões de ponto
- e-mails e mensagens que comprovem jornadas estendidas
- testemunhas que confirmem a rotina de trabalho
Com esses documentos, o próximo passo envolve buscar um advogado trabalhista ou o sindicato da categoria. A orientação especializada ajuda a avaliar o prejuízo acumulado e as medidas cabíveis.
Ignorar esse detalhe pode custar caro. E, na maioria das vezes, o trabalhador só descobre quando já perdeu tempo, dinheiro e direitos.











